Transcrição da entrevista com Mestre Benedito Pereá


ENTREVISTA COM MESTRE BENEDITO PEREÁ (Entrevistador: José Elias. Data: 02/03/2013)


Mestre Benedito Pereá. Foto: Fernando Madeira
Entrevistar o Mestre Benedito Pereá foi uma tarefa das mais árduas.  Durante quatro meses e após três agendamentos resolvi ir pela informalidade[a1] . Entrei em contato com Joel Araújo, Coordenador da Banda de Congo São Benedito de Piranema (da qual Benedito Pereá é o Mestre) e me informei se na Reunião do dia 2 de março de 2013 o Mestre estaria. Joel me respondeu que não tinha condições de me informar, mas entraria em contato com a família de Pereá. Dia 2 (dia da reunião) Joel me telefonou (como eu estava assistindo a um jogo de futebol no Estádio Engenheiro Araripe entre o time do Rio Branco e o time do Conilon não percebi a ligação à qual retornei após o jogo) e me comunicou que o Mestre estaria na reunião. Encaminhei-me então para a Sede da Banda e fui muito bem recebido pela Banda, aliás, como é praxe.  Benedito Pereá é uma pessoa absolutamente surpreendente. As perguntas que compõe o questionário semiestruturado foram solenemente ignoradas pelo entrevistado, que disse e fez o que lhe dava na cabeça[a2] , com a liberdade de quem é senhor de suas ações e uma autoridade no saber do congo.

A entrevista fora feita durante a reunião e foram captadas algumas falas feitas pelo coordenador Joel. Tudo será transcrito para que se possa tirar o máximo de proveito desses prazerosos momentos.

A fala a seguir foi feita durante a discussão feita na reunião sobre a capina do terreiro onde fica a Sede da Banda.

Joel: Eu não gosto de trabalhar no domingo, mas eu posso fazer uma exceção. É por questão de religião. Mas eu posso abrir uma exceção. Jesus fez uma exceção. Mas Jesus é Jesus, né. Mas Ele ensinou que a gente não precisa ser ferro e fogo. Então é assim, se vocês acharem que é melhor no domingo. Mas gente o mutirão é bacana, sabe por que, pagar uma pessoa para roçar é fácil. Mas quando vc ajuda a capinar, você está cuidando daquilo que é seu. A Banda. A Banda é de todo mundo. Então assim, você está cuidando do seu quintal, de alguma coisa que é sua, então tem essa importância. Você trabalha junto, troca uma ideia, né Edimilson, depois toma uma cachacinha. (risadas).

Benedito: “Não, eu não...” Eu canto melhor com o congo.

Não, eu não, eu não matei seu gavião

Foi você mesmo que matou meu gavião

Pereá: gravou?

Elias: gravei. Mas me fala. Quando começou a Banda de Congo de São Benedito?

Pereá: A banda começou assim. Meu Pai era mestre de congo. E depois (...) era dono do congo[a3] . Depois o filho dele o Antero. Depois o meu pai era mestre. O Vei João Marculino, o vei Moacir, eu (...). O Moacir era Mestre, o Marculino... Eu embolei, não embolei? O dono do congo era o vei Juvelino. Juvelino.

Elias: Era o dono!

Pereá: Era o dono do Congo. Então Juvelino andou, botou o congo para andar. O congo naquela época não tinha comunidade [a4] não, andava assim. Eu vinha no congo de Juvelino. Morreu, então ficou eu e Antero. Mais Antero, botemos o congo na comunidade[a5] , e andemos com o congo pra lá e prá cá. E, infelizmente... depois botemos o congo na comunidade. E... o fundador do congo lá quando começou em 1937 acabou. Então quando o congo acabou, fomos mais Antero fomos botar o congo prá, prá funcionar. Botamos couro nos congos, tá, tá, tá, barris, e foi por aí. Aí botamos o congo na comunidade. Agora... atrapalhei aqui.

(Silêncio, com barulho da reunião ao fundo).

Pereá: O congo foi o seguinte oh, o congo quando começou foi com o meu pai.

Elias: Qual é o nome do pai do Senhor?

Pereá: Deolindo. O dono do congo era Juvelindo.

Elias: Juvelindo era o dono do congo!

Pereá: Juvelindo era o dono. Meu pai era mestre de congo[a6] . Tinha o mestre de congo, meu pai era mestre de congo. Jolindo, o vei João Marcolino, 1937. Então vai eles morreram. Morreram, então o congo ficou lá, lá, lá na sede abandonado. Então chegou Antero e falou “Pereá vamos botar esse congo pra, vamos botar esse congo, ma, ma, acertar esse congo? Aí compra... compra... compramos o couro ali, aí botamos os couros e encouramos os barris todinho outra vez. Aí falamos agora, e começamos a bater, começamos a bater o congo, pá, pá, mais Antero, pá, pá, pá. Então entrou na comunidade o congo, na comunidade. Então o congo foi pra comunidade, aí passamos a andar com o congo, lá pra Cariacica, em Vila Velha, fomos pra Vila Velha com o congo, lá em Vila Velha, fomos na Aparecida, fomos lá em São Paulo.

Elias: Em São Paulo?

Pereá: São Paulo.

Elias: Que ano?

Pereá: O ano Neri que sabe. Ele que foi. Aí então, conclusão, aí em Cariacica tinha assim, em Cariacica tinha assim “Banda de Congo do Município de Cariacica, 1937, o congo começou no município de Cariacica, Piranema, São Benedito, fundada em 1937. Fundador Antero Ramos e Benedito Epifânio”.

Elias: Ah... que é o Senhor. E porque o nome São Benedito?

Pereá: São Benedito porque... são Benedito é o padroeiro do lugar, né. Padroeiro[a7] .

Elias: Padroeiro.

Pereá: Padroeiro do lugar, São Benedito.

Elias: O Senhor é devoto de São Benedito?

Pereá: Não, não o São Benedito é o meu xará[a8] , eu canto muitas partes dele:

São Benedito é meu pai,

O filho dele é bonito

Elias: Canta uma música de São Benedito.

Pereá: eu canto assim:

São Benedito é meu pai

O filho dele é bonito.

Elias: Tem outras músicas?

Pereá: Tem.

São Benedito é meu pai

O filho dele é bonito.

Pereá: Eles vão responder. Agora eu vou cantar a primeira e você canta a segunda. Vou responder assim:

São Benedito é meu pai

O filho dele é bonito.

(risadas).

Elias: As pessoas que participam da banda de congo elas são pessoas que são unidas?

Pereá: São unidas, são unidas[a9] .

Elias: São unidas.

Pereá: Tem pessoas meio estranhas aí, mas vamos levar assim mesmo[a10] , né? (risadas).

Elias: Vai levando. (risadas).

Pereá: vai levando... vão supor... eu canto uma peça de São Benedito, assim:

“São Benedito vai pra céu, olé, olê, olé olá

Eu também queria ir, olé, olé, olé, olá

Que coisa que ela é bonita, olé, olé, olé, olá

As portas do Céu abril, olé, olé, olé, olá,

Eu também queria ir, olé, olé, olé, olá,

Mas são Benedito vai pro Céu, olé, olé, olé, olá,”

(risadas)

Elias: É outra de São Benedito. Essa é boa! (risadas).

Pereá: Agora quando nós fomos pegar o mastro lá, pegar o mastro, aí fomos pegar o mastro:

“É cavaco de pau, também tem que ir lá, pra cima o que faz pra se louvar,

É pau mulembá, é pau mulembá” (bis)

Elias: Aqui já teve puxada de mastro?

Pereá: Puxada de Mastro.[a11] 

Elias: Teve?

Pereá: Teve, e eu sou o Rei das Puxadas de Mastro.

Elias: Mas porque que acabou?

Pereá: Acabou porque... é falta de, assim... é falta de assim... de Presidente, Vice-Presidente. Num vão fazer a Puxada de Mastro. A puxada de mastro nós fizemos num foi uma fez só não, moço. Fomos nas Igreja aí, Itaquari[a12] , (...) uns mastro aí, mas acabou...

Elias: Acabou tudo! Podia voltar, né?

Pereá: É...

Elias: Seu Benedito, aqui já teve Baile de Congo?

Pereá: Baile de Congo...

Elias: é. Já teve por aqui?

Pereá: Baile de Congo é isso.

Elias: É esse aqui.

Pereá: Baile de Congo.

Elias: O Carnaval de Congo, o que o senhor acha do Carnaval de Congo?

Pereá: O Carnaval de Congo é... começou o... começou assim o carnaval de congo. Máscaras, baile, aquele temp... hoje não, acabou tudo. Carnaval de Congo, Carnaval de Congo é... chamava-se bloco sujo. [a13] Bloco sujo.

Elias: E o senhor gosta do carnaval.

Pereá: gosto. Gosto do carnaval. Mas o carnaval assim... o bloco que nós fazia. Fazia um bloco e ia parar lá em Roda d’Água com o bloco, com as máscaras na frente, e a gente ia lá pra Roda d’Água, com o bloco, máscaras.[a14]  Isso era no tempo de meu pai, meus tios...

Elias: Daqui?

Pereá: Daqui pra Roda d’Água... com o bloco.

Elias: Batendo congo.

Pereá: Batendo congo daqui pra Roda d’Água, máscaras na frente, com aquele monte de gente. Hoje não, hoje...

Elias: E as máscaras, quem fazia as máscaras?

Pereá: As máscaras, é... tem quem faz...

Elias: Tem quem faz.                     

Pereá: O bloco sujo era uma coisa... muito bonito.

Elias: E como é que hoje essa banda aqui... Ela toca onde? Hoje. Hoje em dia.

Pereá: Hum?

Elias: Hoje em dia a Banda de São Benedito toca em quais lugares?

Pereá: A Banda de Congo de São Benedito toca em Roda d’Água, nós fomos em Roda d’Água, tocamos lá em Cariacica, tocamos no Palácio do Governador, tocamos lá no shopping, tocamos lá... lá no Jucu, tocamos lá em Fundão.

Elias: Seu Benedito, o que é um Mestre de Congo? O que é ser Mestre de Congo?

Pereá: O Mestre de Congo é ser... O mestre de congo chama-se um Maestra.             

Elias: Um maestro?

Pereá: Um maestra.

Elias: Qual  é a importância dele?

Pereá: A importância é que ele é um Mastra.

Elias: Sem Mestre não tem congo?

Pereá: Tem não, tem não, não tem.

Elias: E o Mestre daqui é bom?

Pereá: Eu sou o Mestre de Congo.

Elias: Ele é bom né? (risos). E o filho do senhor, vai ser mestre?

Pereá: Eu vou, eu vou... eu vou... arranjar um contramestre aqui pra me ajudar.

Elias: Mas e o filho do senhor?

Pereá: O Edmilson?

Elias: É.

Pereá: Ele é um doido, rapaz. Ele bebe muita cachaça, rapaz, paratudo.

Elias: Mas ele não pode ser um mestre não?

Pereá: Não pode.

Elias: Mas o pai do Senhor foi.

Pereá: Meu pai foi Mestre e eu sou o Rei dos Mestres[a15] . Estas partes de congo que eles cantam aqui na Barra do Jucu, cantam lá lá lá lá lá na Barra do Jucu, no congo lá de Santa Marta, a banda de congo lá de Aracruz, tudo foi eu que passei para eles, essas peças foi tudo eu que passei para eles.

Elias: O Senhor conhece muitas peças de congo?

Pereá: conheço, conheço. 100 parte eu posso cantar pra você.

Elias: 100?

Pereá: 100 partes, se não for mais.

Elias: Que bom.

Pereá: As partes do cativeiro.

Elias: Canta aí as parte do cativeiro.

Pereá:            

Papai não quer café verde no terreiro (2x)

Eu vou panhar na divisa do meeiro,

Vamos lembrar do tempo do cativeiro.                          

[a16] (risadas).

Elias: Essa é boa. Mas tem outra de cativeiro?

Pereá: Tem outra do cativeiro. Tem uma parte do catiçá. É índio[a17] .

O calicaliçá, meu bem vem cá, (4x)

Calicaliçá, meu cambulá, (4x)

Pereá: É índio. Calicaliçá é um índio.

Elias: Mas que índio é esse?

Desconhecido: Você está pegando a gravação dele?

Elias: Tô.

Pereá: Está bebo.

Elias: Estou pegando a gravação dele.

Pereá:

“Nossa Senhora, onde ele foi morar?

Em cima daquela pedra, toda cercada de mato (bis)

[a18] Pereá: É lá no Convento lá.”

Elias; No Convento?

Pereá:

Nossa Senhora, onde ele foi morar?

Pereá: Aí responde assim:

Em cima daquela pedra, toda cercada de mato (bis)

Pereá: Tem outra assim, ó... assim:

Olha o tombo, olha o tombo...

Olha o tombo... (pensa) olha o tombo...

Pereá: Tá errado

“Olha o tombo, olha o tombo, olha o tombo do mar

O balança da canoa, olha o tombo do mar.

A canoa virou, no balanço do mar, Santo Antonio, não sabia remar,

O Santo Antonio, não sabia remar.”

(muitas risadas).

Pereá: Rapaz... (risadas) Tem que dar essa volta. Dar a volta, tem que dar a volta. Tem que saber cantar.

Elias: É Santo Antonio... E São Sebastião, tem alguma?

Pereá: São Sebastião. São Sebastião, não cantei  essa parte de São Sebastião não. Eles cantam... eles cantam agora, mas naquela época não tinha isso não. Naquela época era só essas músicas, o Santo Antonio eles cantam assim, no congo lá de, de, de, de, Aracruz, congo lá de Barra do Jucu.

Elias: Seu Benedito, e a Rainha? Pra que que serve a Rainha do Congo?

Pereá: A Rainha é... A Rainha é, como se diz, é a Rainha Cabundá. [a19] 

Elias: Cabundá...

Pereá: Cabundá. Eles cantam Mariá, mas é Cabundá. Não é Mariá. É Cabundá.

“É congo, é congo é congá, (2x)

A Rainha de Congo é Cabundá (4x)                        

Pereá: Eles cantam Mariá, mas é Cabundá. [1]

Elias: Cabundá é o que?

Pereá: Cabundá é a Rainha do Congo. Chama-se Cabundá.

Elias: Não sabia.

Pereá: Naquele tempo, naquele tempo o instrumento, a cuíca chamava-se cudum.

Elias: Chamava-se como?

Pereá: Cudum. Cudum. Essa parte eu canto ela e eles pensam que é coisa assim, o cudum [a20] assim. A mulher esperava, a mulher naquele tempo a mulher é que tocava cudum, a mulher.

Elias: quem tocava era a mulher?

Pereá: Tocava cudum, a mulher.

Elias: A cuíca, né.

Pereá: A cuíca, era cudum, naquela época.

Elias: E quem tocava era a mulher?

Pereá: Então aí meu pai cantava assim. Aí quando nós ia na festa a mulher do cu... a mulher que tava com o cudum saía pra lá, né. Iiii Caa mulher do cudum tava pra lá, fazendo o rancho lá, aí “toca assim mesmo Deolindo.” Iii, Tum, squitum, Tum, Tum,... Aí eles cantava assim:

“Cadê a mulher do cudum, ô cadê a mulher do cudum

Ela tá cum cudum, ela tá cum cudum.”

Pré: aí ela..., aí ela vinha de lá , Tum, squitum, Tum, Tum...

“Cadê a mulher do cudum, ô cadê a mulher do cudum”...

Pereá: Ela tava com o cudum lá...

“Ela tá cum o cudum, ela tá cum cudum...”

(risadas).

Pereá: Rapaz a festa era boa, meu camarada.

Elias: Isso antigamente, né?

Pereá: Antigamente.

Elias: Hoje nãoé assim mais não?

Pereá: Acabou... É a cuíca, hoje.

Elias: É cuíca.

Pereá: É cuíca.

Elias: Mas hoje quem toca é homem?

Pereá: É homem. E ouça... quando nós chegava numa festa. Cantava assim, na chegada, cantava assim, quer ver, bem assim: “Aproveita minha gente, que a polí...” Não! É... é, tá, Pi, pi, pi, ... Aí, vai entrar  a banda..., na chegada, (...) na chegada, a festa. Aí, chegava, Pereá agora vamos cantar, como chegar. Aquela época, hoje não. Cantava assim. (pensa) Cantava assim. (pensa). (...) demais, Nossa Senhora da Penha. (...) saía do ônibus (...) nós ia a pé pra Itaquari. A  pé, ia lá e voltava a pé.

Elias: Pra Itaquari.

Pereá: A gente ia, tá! Saía com o congo ia pra Itaquari a pé e voltava a pé. Tocava a noite todinha e vinha a pé de lá aqui. Sem ganhar nada.

Elias: Só por amor!

Pereá: Só pelo rancho, a gente... Naquele tempo, naquele tempo tinha “puxada de mastro”, tinha puxada de mastro. Que puxava o mastro era os bois[a21] . O boi dançava. Dançava, o boi dançava naquela época. Todo enfeitado. Era um boi só. Boi de verdade mesmo, não é brincadeira não. Cantava assim, a gente cantava bem assim. Chegava o boi e chegava assim todo enfeitado de fitas, puxava o mastro lá do mato. O boi chegava assim. Boi de verdade mesmo, toda enfeitado. Aí meu pai cantava assim, assim, assim, cantava assim. Criança tem medo de boi, tem medo de boi as crianças.

“Boi, boi, boi da cara preta” (bis).

Pereá: Aí cantava assim:

“Pega essa criança que tem medo de careta

Mulher barre o terreiro pra de noite vou brincar”

Pereá: O boi cantava, o boi dançava.

“Boi, boi, boi da cara preta” (bis)

Elias: A puxada do Mastro.

Pereá: Já cantei já.

Elias: A puxada de mastro acontecia em que mês?

Pereá: Assim, ó, ó. (pensa). “São Benedito”... Não.

“São Benedito é preto, o pau dele é bonito. (bis)

O pau dele é bonito, o pau dele é bonito” (bis).

[a22] Pereá: O pau dele é bonito, enfeitado de fita, todo mundo querendo pegar no pau dele. “O pau dele é bonito”...

Elias: São Benedito é preto, o pau dele é bonito.

Pereá: É, bonito.

Elias: O mastro?

Pereá: O mastro, o pau é enfeitado. Todo mundo quer pegar no pau de São Benedito.

Juntos: São Benedito é preto, o pau dele é bonito. (bis).

(Muitas risadas).

Pereá: Aí (...) eu cantava assim, eu cantava assim.

“São Benedito é meu Pai, São Benedito é meu Pai,

O filho dele é bonito, o filho dele é bonito.” (bis)

(risadas)

Pereá: Pai nosso, né? (...) Vc está gravando.

Elias: Estou gravando.

Pereá: Já cantei muito, já?

Elias: Já cantou muito.

(Desconhecido): Aquela “eu fui no mato tirar cipó”. Canta pra ele aí.

“Fui no mato, tirar cipóó, eu vi um bicho todo embolado (bis)

Não era bicho, não era nada era uma velha dos olho só” (bis)

(muitas risadas).

“Mamãe tava doente, papai foi visitar (o mestre)

Mamãe tava doente, papai foi visitar. (Aí responde)

Papai bateu na porta, minha mãe mandou entrar (bis).

Pereá: Se o pai batesse na porta, se a mãe não mandasse entrar, você não nascia. (risada) Você não nascia. Agora (...) só músicas novas.

Elias: só músicas novas.

Pereá: Tem uma parte assim, ó.

“Meu limão meu limoeiro, meu pé de jacarandá.

Uma vez sambalelê, outra vez sambalalá.

O Mestre:

Menina, casa comigo, que de fome não morre não (bis)

Meu limão meu limoeiro...

Já (...) meus companheiro, que me ajude eu vou cantar,

Meus companheiros morreu, Deus que bote em bom lugar.

Meu limão, meu limoeiro...”

(risadas)

Pereá: Tá. Tá (...) de ensaiar.



[1] Marina de Mello e Souza cita na página 197 uma coração de rei e rainha da nação Cabundá. Melo Morais Filho se refere ao mesmo episódio em “Festas e Tradições Populares do Brasil” na pág. 174. Mas há definições em vários dicionário que dizem que Cabundá é escravo fugido para roubar. Parece-me que essa definição é consequência de uma visão discriminadora sobre os escravizadados.


 [a1]Não consegui fazer a entrevista nos dias marcados. Resolvi ir no dia em que ele estava na Sede e solicitei a entrevista.

 [a2]Pereá conduziu, como um mestre, a entrevista.

 [a3]Juvelino era o dono da banda.

 [a4]O congo não tinha comunidade naquela época,

 [a5]Antero, filho de Juvelino, botou “o congo na comunidade”.

 [a6]Deolindo, pai de Pereá era o mestre da banda.

 [a7]Porque São Benedito.

 [a8]São Benedito é meu xará.

 [a9]São unidas.

 [a10]Tem umas pessoas meio estranhas aí.

 [a11]Puxada de Mastro.

 [a12]Puxada de Mastro em Itaquari.

 [a13]Carnaval de Congo chamava-se bloco sujo.

 [a14]Iam de Piranema até Roda d’Água com o bloco e as máscaras na frente.

 [a15]Meu Pai foi mestre e eu sou o Rei dos Mestres.

 [a16]Peças que falam da época do cativeiro.

 [a17]Peça sobre o índio.

 [a18]Peça sobre Nossa Senhora da Penha.

 [a19]Rainha chama-se cabundá.

 [a20]Peça sobre cudum, como era chamada a cuíca.

 [a21]Descrição da Puxada de Mastro.

 [a22]Peça de São Benedito, com duplo sentido.


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